​Sou pedagoga de formação e por 40 anos me dediquei à primeira infância, a maior parte deles vivendo na máxima intensidade as dores e delícias das escolas de educação infantil. Aos 57 anos, decidi criar um novo caminho. E escolhi me dedicar a algo relacionado a uma experiência afetiva da vida inteira, as roupas produzidas por minha família há quase 60 anos.

Criada pelos meus pais nos anos 60, a fábrica é hoje dirigida por minha irmã Telma, que cuida da produção com o mesmo rigor com que eles se dedicaram a estabelecer a marca: tecidos da melhor qualidade, cores e estampas cuidadosamente selecionadas e acabamento impecável. 
Bem pequena eu sabia que “a fábrica” – expressão ouvida em casa o tempo todo – era algo muito importante para a minha família. Mais crescida, lembro que minha mãe trazia, para os fins de semana, peças que podíamos ajudar a acabar. Tinha uma blusa com uma gravatinha, primeira venda para uma grande loja. Costuradas pelo avesso, as peças deviam ser desviradas, uma por uma. Meus pais chegaram em casa com uma grande caixa e passamos o fim de semana em volta da mesa, família e alguns amigos, conversando e virando gravatinhas.

Minha relação afetiva e meu conhecimento intuitivo sobre essas roupas passa também pela experiência de consumidora. Sempre as usei para trabalhar e passear, por isso tenho intimidade com as blusas, calças, saias e vestidos criados para vestir, com conforto, corpos diversos. Minhas amigas viviam pedindo para comprar, o que não era possível em uma empresa de atacado. Em outras épocas, vira e mexe me via fazendo excursões ao Bom Retiro, e isso foi crescendo até se tornar inviável.

A Kop atualiza essa vivência gostosa de se reunir em torno das roupas, seja para virar gravatinhas ou para levar as amigas até o Bom Retiro.

Desfrute!
Lucia Wajskop